Por Marina Teodoro | 14 de dezembro de 2023

Um sintoma clássico de gravidez são os enjoos. Enquanto algumas mulheres passam por essa experiência sem grandes problemas, outras grávidas acabam sofrendo bastante com as náuseas e a vontade de vomitar – que são causadas por um único hormônio, conforme apontou um novo estudo publicado nesta quarta-feira, 13 de janeiro, na revista científica Nature.

Realizado por representantes da Escola de Medicina Keck da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, e Universidade de Cambridge, na Inglaterra, a pesquisa mostra que o que vai determinar a gravidade desses sintomas é quão a mulher foi e está sendo exposta ao hormônio GDF15, responsável por provocar os enjoos na gravidez.

mulher com barriga de grávida e um coração
Enjoos na gravidez podem acontecer até o primeiro trimestre, mas em alguns casos pode durar toda a gestação (Foto: Freepik)

 

A vontade de vomitar e a sensação de estômago embrulhado podem aparecer entre a 5ª ou 6ª semana de gestação, e geralmente duram até a 12ª semana. Mas, em casos menos comuns, os enjoos podem durar a gravidez toda, devido a uma condição chamada hiperêmese gravídica – que ficou mais conhecida quando mães famosas como Kate Middleton e Tatá Werneck falaram sobre o assunto.

Os pesquisadores puderam observar, com prova genética, que grávidas com hiperêmese registravam níveis muito altos de GDF15 quando comparadas àquelas que não sofriam com os enjoos.

Mulher grávida
Sentir enjoo na gravidez depende da exposição ao hormônio GDF15, aponta o estudo (Foto: Freepik)

 

A doença é séria e pede hospitalização: além de causar desnutrição, perda de peso e desidratação, também aumenta as chances de um parto prematuro e pré-eclâmpsia. Pensando nisso, o novo estudo pretende contribuir para que tratamentos para a condição sejam desenvolvidos e protejam a vida de mães e bebês.

Exposição ao hormônio antes da gravidez

Outro ponto importante que contribuiu para a relevância dessa pesquisa é que foi observado que o efeito do GDF15 também depende da sensibilidade e da exposição que a gestante teve ao hormônio antes mesmo de ficar grávida.

Essa constatação pode ser observada a partir de um exemplo apontado pelos cientistas: mulheres no Sri Lanka com uma doença no sangue rara que provoca aumento da produção de GDF15 no sangue foram avaliadas quando estavam gestantes e verificado que raramente elas sentiam náuseas. 

Para os autores do estudo, a exposição prolongada ao hormônio específico antes da concepção poderia proteger a mulher durante a gravidez. Dessa forma, cientistas poderiam pensar em tratamentos para a hiperêmese e até em remédios capazes de prevenir a doença.