Finalizando nosso especial com mães blogueiras, temos Bic Muller, mãe de Arthur, que escreve para o Morri de Sunga Branca.
“Acredito que a culpa não aconteça quando o filho nasce. Nem do ventre. Acho que a culpa é cultural. É essa ideia de ser supermãe, supermulher, supertudo. E é esse sentimento que nos faz acreditar que nunca fazemos o suficiente, vem desta vontade de ser sempre melhor. É perceber também que muitas vezes somos impotentes diante das escolhas deles quando crescem. Eu, particularmente tento não me culpar muito, mas tem coisas que inevitavelmente fazem nos sentir culpadas.
- Desmame: Quando o Arthur parou de mamar, foi uma choradeira. Minha. Ele não queria mais pegar o peito e aceitou a mamadeira com facilidade. Acho que o desmame é a primeira separação dolorosa para a mãe.
- Doenças: Pode ser uma gripe ou algo mais sério, a mãe sempre acha que poderia ter evitado.
- Acidentes: O primeiro tombo foi muito sofrido pra mim, por mais que eu estivesse do lado dele enquanto ele tentava engatinhar e as quedas são normais nestas ocasiões, gostaria de ter previsto aquilo e evitado o primeiro galo dele.
- Viagens: Tenho que viajar muito por causa do trabalho. Preferi continuar, pois o mercado não para para esperar que sejamos mães. Mas embarcar sempre é muito triste.
- Trabalho: Acho que é o fator pelo qual as mães mais se sentem culpadas. Eu, por trabalhar em casa, tenho essa vantagem de ficar perto, mas, mesmo assim, preciso ter dedicação em dobro e sinto culpa por talvez não estar me dedicando 100%.
- Choro sem motivo: Não conseguir adivinhar o motivo do choro pra mim é terrível, é como se eu tivesse obrigação de conhecê-lo o suficiente para tal.
- Vida conjugal: dividir-se entre ser mãe e mulher sem deixar de lado uma coisa nem outra. Mas acredito que isso seja somente uma adaptação de tempo/situação, e que nenhuma mulher deve deixar de ser bonita, se cuidar e se amar.
- Culpar os filhos: O problema de muitas culpas é que, geralmente, mais dia menos dia, algumas mães acabam culpando os filhos pelo que deixaram de lado. Por isso, desde que descobri a gravidez, encaro com muita leveza as novas escolhas. Não gosto do termo “deixei de lado por causa do filho”. Nós apenas temos novas escolhas a partir de agora e cabe a nós, mães, saber que a partir de agora temos uma nova missão.
Quero que ele saiba que eu sempre fiz tudo por ele por amá-lo, não por medo de não ser uma supermãe. Sou humana e, como tal, erro e acerto diariamente, assim como ele também vai ter de tropeçar algumas vezes para aprender a caminhar. Que tenhamos menos culpas e mais compreensão das nossas limitações. Que sejamos menos supermães e mais mães que aprendem junto com os filhos. Acho que assim a vida fica mais leve para todos, e poderemos criar filhos menos culpados também.”