Por Beatriz Possebon | 9 de março de 2025

Se você já ouviu falar da síndrome do coração partido, talvez tenha pensado que se trata de algo puramente emocional. Mas essa condição tem um impacto real no corpo e pode afetar mais as mulheres, especialmente entre os 35 e 65 anos. Também conhecida como cardiomiopatia por estresse ou Síndrome de Takotsubo, ela tem sintomas parecidos com os de um infarto e pode ser desencadeada por eventos de grande impacto emocional.

O que é a síndrome do coração partido?

A Síndrome de Takotsubo é uma condição temporária em que o músculo cardíaco enfraquece devido ao estresse intenso. “A cardiomiopatia por estresse ocorre quando o músculo cardíaco enfraquece temporariamente devido a situações de intenso estresse emocional ou físico”, explica a cardiologista Keila de Lolo Guerra de Freitas, da rede AmorSaúde. Essa fragilidade momentânea faz com que o coração apresente um formato característico nos exames, semelhante a um vaso de cerâmica japonês chamado “takotsubo”, que inspirou o nome da síndrome.

Por que as mulheres são mais afetadas?

As mulheres entre 35 e 65 anos estão mais vulneráveis porque atravessam o climatério, a fase que antecede a menopausa e que traz mudanças hormonais importantes. “Durante esse processo, há uma queda natural nos níveis de estrogênio, hormônio que exerce um papel protetor sobre o sistema cardiovascular”, afirma Keila. Com menos estrogênio, o coração fica mais suscetível a fatores como hipertensão e colesterol alto, aumentando o risco de doenças cardíacas.

Fora as questões hormonais, as mulheres também lidam com altos níveis de estresse. Segundo a pesquisa FEEx – FIA Employee Experience, elas enfrentam 12% mais estresse excessivo do que os homens. Além disso, de acordo com o Ministério da Saúde, são 2,3 vezes mais propensas a desenvolver depressão, o que também aumenta a vulnerabilidade ao problema.

As mulheres entre 35 e 65 anos estão mais vulneráveis porque atravessam o climatério (Foto: Freepik)

Sintomas e diferenças entre infarto e síndrome do coração partido

Os sintomas da síndrome do coração partido são muito semelhantes aos de um infarto, o que pode gerar preocupação. Os principais sinais incluem:

  • Dor no peito;
  • Falta de ar;
  • Palpitações;
  • Suor excessivo.

A diferença principal está nos exames. “Nos casos de cardiomiopatia por estresse, os exames não mostram obstrução das artérias coronárias, como ocorre em um infarto”, explica a cardiologista. O bom é que, geralmente, a condição é temporária e reversível, sem grandes sequelas.

Fatores de risco

Embora o estresse seja o principal gatilho, outros fatores também podem aumentar o risco da síndrome, como:

  • Ansiedade e depressão;
  • Hipertensão arterial;
  • Histórico familiar de doenças cardíacas;
  • Uso excessivo de estimulantes, como cafeína.

“Pessoas com histórico de transtornos emocionais ou doenças cardiovasculares precisam estar ainda mais atentas aos sinais do corpo”, alerta a especialista.

Como é feito o diagnóstico?

Para confirmar a síndrome, os médicos costumam solicitar exames como eletrocardiograma, ecocardiograma e exames de sangue. Em alguns casos, é necessária uma angiografia coronariana para descartar a presença de obstruções nas artérias.

“Um dos motivos pelo qual essa condição recebeu o nome de síndrome do coração partido é a aparência do coração nos exames, em que parte dele parece estar dividida”, explica Keila de Freitas.

Saber gerenciar o estresse é fundamental para proteger sua saúde mental e física (Foto: Freepik)

Tratamento e prevenção

O tratamento costuma envolver medicamentos que ajudam a estabilizar a função cardíaca e aliviar os sintomas. “A boa notícia é que, na maioria dos casos, o músculo cardíaco se recupera completamente em poucas semanas”, afirma a médica. No entanto, é fundamental cuidar das emoções para evitar novas crises.

Para prevenir a síndrome do coração partido, algumas estratégias ajudam:

  • Praticar atividades físicas regularmente;
  • Manter uma alimentação equilibrada;
  • Buscar formas de relaxamento, como meditação e yoga;
  • Ter boas noites de sono;
  • Cultivar relações sociais saudáveis;
  • Evitar excesso de álcool e cafeína.

“A prevenção passa pelo cuidado integral da saúde física e emocional. Aprender a gerenciar o estresse é essencial para proteger o coração e ter mais qualidade de vida”, conclui a especialista.