Por Malu Lopes | 11 de janeiro de 2025

É comum que adultos mudem o tom de voz ao interagir com bebês, adotando uma entonação mais suave e melodiosa. Esse fenômeno, frequentemente observado, não é apenas uma questão de instinto, mas está profundamente enraizado em processos psicológicos e neuroquímicos. A comunicação com crianças pequenas ativa áreas específicas do cérebro relacionadas ao sensação de recompensa e acolhimento.

Quando um adulto se dirige a uma criança pequena, há uma tendência natural de infantilizar o comportamento. Essa modificação na entonação vocal serve, muitas vezes, para capturar a atenção dos pequeninos, incentivando a interação através de estímulos visuais e auditivos. Além disso, adaptações na voz e nas expressões faciais desempenham um papel crucial na formação dos laços emocionais e na percepção das intenções e emoções dos cuidadores.

Como as mudanças na voz afetam o desenvolvimento infantil?

O uso de uma voz infantilizada pode ter efeitos significativos no desenvolvimento cognitivo e emocional dos bebês. Essa forma de comunicação ajuda a criança a focar no interlocutor, promovendo melhor compreensão das emoções e intenções. As mudanças na voz também são cruciais para o aprendizado da linguagem, pois facilitam a distinção dos sons e o reconhecimento das palavras.

Especialistas defendem que essa prática de alteração na voz deve ser ajustada de acordo com o contexto. Um tom mais brincalhão pode expressar alegria e fomentar um ambiente de segurança, enquanto uma entonação mais firme pode indicar uma situação de aprendizado ou disciplina. É importante que as mudanças de tom sejam claras e contextualmente apropriadas para não confundir a criança.

Falar com a voz infantil pode ajudar no desenvolvimento emocional e cognitivo do bebê (Foto: iStock)

Por quanto tempo manter a voz infantilizada?

Embora a voz infantilizada seja benéfica nos primeiros estágios de vida, há um consenso de que ela deve ser gradualmente substituída por uma comunicação mais próxima do normal à medida que a criança cresce. Esse ajuste ajuda a evitar a infantilização prolongada, que pode não ser benéfica para o desenvolvimento da fala e habilidades sociais da criança a longo prazo.

Especialistas sugerem que a transição para uma comunicação mais normalizada ocorra por volta dos 18 meses de idade. A partir desse ponto, é importante que os adultos comecem a falar de maneira mais clara e precisa, corrigindo erros de fala sem desmerecer os esforços da criança. Isso auxilia no desenvolvimento da competência linguística e aumenta a confiança da criança na comunicação.

Quais são as estratégias para facilitar a transição?

  • Mantenha a comunicação clara e simples.
  • Use um tom de voz variado para indicar situações diferentes.
  • Corrija gentilmente os erros de fala, oferecendo a pronúncia correta.
  • Encoraje a repetição de palavras e frases corretas.
  • Estabeleça uma rotina de leitura e contação de histórias para expandir o vocabulário.

Por que é importante não prolongar a voz infantilizada?

Prolongar a infantilização da fala pode impactar negativamente no desenvolvimento linguístico da criança. Crianças aprendem a linguagem através da imitação; portanto, oferecer-lhes exemplos claros e precisos é fundamental para um desenvolvimento saudável. Além disso, promover a autonomia e a independência através de uma comunicação apropriada para a idade ajuda na preparação da criança para interações sociais mais complexas.

Ainda que olhar para um filho e reconhecer o amor incondicional seja natural e desejável, é igualmente importante proporcionar as ferramentas necessárias para que ele cresça e se desenvolva plenamente, respeitando as etapas do seu desenvolvimento cognitivo e emocional.