Por Beatriz Possebon | 15 de fevereiro de 2025

Celebrado em 15 de fevereiro, o Dia Internacional do Câncer na Infância tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre o impacto do câncer em crianças e adolescentes, além de reforçar a importância do diagnóstico precoce e do suporte adequado durante o tratamento. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é uma das principais causas de morte entre crianças e adolescentes, com mais de 400 mil novos casos diagnosticados anualmente em todo o mundo. Embora o cenário seja desafiador, as chances de cura aumentam consideravelmente quando a doença é detectada e tratada nos estágios iniciais.

Essa data também é uma oportunidade para sensibilizar a sociedade e os governos sobre a necessidade de investir em políticas públicas, como ampliação de programas de diagnóstico precoce, capacitação de profissionais de saúde e acesso a tratamentos modernos e eficazes.

A data foi criada em 2002 pela Childhood Cancer Internacional (CCI) (Foto: Freepik)

Câncer infantil: quais são os tipos mais comuns

Os cânceres que afetam crianças e adolescentes são diferentes dos que acometem adultos. Entre os tipos mais comuns estão:

  • Leucemias: afetam o sangue e a medula óssea e representam cerca de 30% dos casos de câncer infantil.
  • Tumores no sistema nervoso central: como o meduloblastoma, são a segunda forma mais frequente, com sintomas como dores de cabeça persistentes e alterações neurológicas.
  • Linfomas: divididos em linfoma de Hodgkin e não Hodgkin, afetam o sistema linfático, provocando inchaço nos gânglios linfáticos e febre constante.
  • Neuroblastoma: surge no sistema nervoso periférico, comumente no abdômen, e é mais frequente em crianças menores de 5 anos.
  • Tumor de Wilms: um câncer renal que geralmente atinge crianças pequenas.
  • Retinoblastoma: afeta os olhos, sendo detectado muitas vezes por um reflexo esbranquiçado na pupila.

Cada tipo de câncer possui características próprias, mas é fundamental que os pais estejam atentos a sinais incomuns para buscar ajuda médica o quanto antes.

Sinais de alerta que não podem ser ignorados

Embora os sintomas do câncer infantil possam ser confundidos com outras doenças comuns, é importante observar sinais como:

  • Febre persistente sem causa aparente
  • Cansaço excessivo ou falta de energia
  • Dores de cabeça frequentes acompanhadas de vômitos
  • Perda de peso inexplicável
  • Dores ou inchaço nos ossos e articulações
  • Manchas roxas ou sangramentos incomuns
  • Protuberâncias ou caroços no corpo, principalmente no abdômen
  • Alterações na visão, como o reflexo esbranquiçado na pupila

Caso qualquer um desses sinais persista, é essencial buscar orientação médica. O acompanhamento regular com o pediatra é uma ferramenta importante para identificar alterações no desenvolvimento infantil e investigar possíveis problemas de saúde.

A importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce é um dos fatores que mais influenciam no sucesso do tratamento do câncer infantil. Estudos apontam que as chances de cura podem ultrapassar 80% quando a doença é detectada nos estágios iniciais. Além disso, a detecção precoce permite o uso de tratamentos menos agressivos, reduzindo o impacto na qualidade de vida da criança.

O Brasil possui iniciativas como o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON), que busca fortalecer o atendimento e diagnóstico de pacientes oncológicos. No entanto, ainda há desafios, como a desigualdade de acesso aos serviços de saúde, que pode atrasar a identificação da doença em algumas regiões.

Quando o câncer é identificado nos estágios iniciais, as chances de sucesso do tratamento é maior (Foto: Getty Images)

O apoio da família durante o tratamento

Além do diagnóstico e do tratamento médico, o suporte emocional da família desempenha um papel essencial no enfrentamento do câncer infantil. Crianças que se sentem amadas e acolhidas costumam lidar melhor com os desafios do tratamento, que pode incluir quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, cirurgias.

É importante que a família mantenha uma comunicação aberta e busque informações claras sobre a doença, criando um ambiente de segurança e confiança para a criança. Contar com redes de apoio, como associações e grupos de ajuda, também pode auxiliar no enfrentamento das dificuldades emocionais e práticas do dia a dia.

O papel da sociedade na conscientização

O Dia Internacional do Câncer na Infância é um momento de reforçar que a conscientização não é apenas responsabilidade das famílias. Campanhas educativas em escolas, hospitais e comunidades podem ajudar a disseminar informações sobre os sintomas e a necessidade de diagnósticos precoces. Além disso, o investimento em políticas públicas de saúde, como maior acesso a exames e tratamentos, é fundamental para reduzir os índices de mortalidade associados à doença.

Com um esforço conjunto entre famílias, profissionais de saúde e sociedade, é possível oferecer às crianças diagnosticadas com câncer a chance de viver e se desenvolver plenamente.