Por Vitória Souza | 15 de agosto de 2024

O gravador de voz da cabine do avião ATR-72, que caiu em Vinhedo (SP) na última sexta-feira, 9 de agosto, registrou conversas do copiloto sobre “dar potência” à aeronave minutos antes da queda, além de gritos no interior da aeronave.

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O acidente causou a morte de 62 pessoas que estavam presentes no voo (Foto: Reprodução/ Instagram)

 

A transcrição das aproximadamente duas horas de gravação foi realizada pelo laboratório de leitura e análise de dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Força Aérea Brasileira.

Segundo os investigadores, a análise preliminar dos dados revela que o ATR 72-500 perdeu altitude de forma repentina. A investigação aponta que o áudio da cabine, por si só, não fornece uma causa evidente para a queda.

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Não tiveram sobreviventes nesse acidente (Foto: Reprodução/ Rede Globo)

 

Na transcrição obtida com exclusividade pelo Jornal Nacional, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva menciona a necessidade de “dar potência” ao perceber que o avião estava perdendo sustentação. Apesar dos esforços, a estabilização da aeronave não foi possível. O áudio registra tentativas da tripulação para reagir durante aproximadamente um minuto antes do impacto com o solo, culminando em gritos e no estrondo da colisão.

O ATR 72-500 possui hélices localizadas próximas à cabine de comando, gerando muito ruído e dificultando a decifração dos diálogos gravados. Mesmo assim, a análise preliminar do Cenipa não identificou sons característicos de alertas como presença de fogo, falha elétrica ou pane no motor.

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O Cenipa está analisando a caixa-preta do avião que caiu em Vinhedo (Foto: Divulgação/ FAB)

 

Os dados iniciais da caixa-preta não confirmam nem descartam a principal hipótese dos especialistas: formação de gelo nas asas seguida de perda de estabilidade (“estol”). A confirmação da causa dependerá da análise mais aprofundada dos registros das caixas-pretas e da integração dessas informações.

Engenheiros das empresas ATR (França) e Pratt & Whitney (Canadá) estiveram na sede do Cenipa em Brasília para colaborar com a investigação. Representantes dos órgãos BEA e TSB, responsáveis pela segurança aérea na França e Canadá, também participam deste esforço internacional. Esta cooperação segue protocolos internacionais sempre que ocorre um acidente aéreo grave.

O relatório preliminar sobre o caso deve ser concluído em 30 dias. Durante este período, os investigadores esperam esclarecer o contexto do acidente, ainda considerado nebuloso.