Por Letícia Mutchnik | 22 de abril de 2021

Internado com covid-19 por 36 dias em quarto da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), um paciente foi levado para pátio de hospital para ter contato com a luz do sol pela primeira vez em mais de um mês. Não só ele conseguiu respirar um pouco de ar fresco, como viu a família pela primeira vez depois de todo esse tempo.

Ele ficou no Hospital Regional de Biguaçu, na Grande Florianópolis, onde passou por três intubações e uma traqueostomia. Ainda sem falar e sem previsão de alta, na sexta-feira, 17, apesar das limitações, não faltaram gestos de carinho para mostrar a emoção de poder estar próximo da mulher e de uma das filhas.

“A medida que eu passava a mão na cabeça dele, ia fazendo carinho, ele respirava fundo. A gente queria chorar naquele momento”, constatou a esposa, Marinês Alves de Souza Ferreira. Durando apenas 30 minutos, o encontro foi emocionante. “Ele ficava ficava assim muito admirado de ver o céu […] Foi vital, porque uma coisa é você ver numa tela [celular] e ali a gente pôde tocar nele, no corpo dele. A medida que a gente toca, acredito que a gente transfere muito amor, é um negócio que não se explica”, diz Marinês.

Daniel estava internado na UTI há 36 dias sem ter contato com a luz do sol, nem a família (Foto: Reprodução/ G1)

A filha conta que por mais que ele não conseguisse se comunicar oralmente, elas interpretavam os sinais que Daniel fazia com as mãos trêmulas. “Ele começou a fazer sinais, apontou pedindo para tirar fotos”, conta. Ele foi o primeiro paciente do hospital a participar da iniciativa “Luz do Dia”. A proposta tem como objetivo aproximar a família de quem está internado.

A decisão para a liberação das visitas envolve uma equipe multidisciplinar da unidade de saúde. O período de 21 dias de transmissão do vírus deve ser respeitado. Antes disso, o paciente não deve ter contato com ninguém porque ainda pode transmitir a doença. A pessoa também precisa ter apresentado uma melhora clínica. Por isso, a avaliação médica é imprescindível.