Por Beatriz Possebon | 22 de abril de 2025

Uma noite mal dormida pode transformar qualquer dia em um verdadeiro caos. Quem é mãe ou pai sabe bem disso. Mas e quando essas noites ruins viram rotina? A privação de sono não afeta só o humor, ela também pode ter um impacto direto na saúde mental, tanto das crianças quanto dos adultos.

O impacto da privação de sono na saúde emocional

É comum associar o sono ao descanso físico, mas ele é muito mais do que isso. Durante o sono, o cérebro faz uma espécie de “faxina”, organizando memórias, processando emoções e se preparando para um novo dia. Quando essa faxina não acontece direito, as emoções ficam desorganizadas – e aí, o estresse e a ansiedade dão as caras com mais frequência.

Estudos mostram que a falta de sono crônica pode aumentar o risco de desenvolver transtornos como depressão e ansiedade. E esse risco não se limita aos adultos. Crianças e adolescentes que enfrentam dificuldades para dormir também apresentam maior propensão a desenvolver problemas emocionais, como irritabilidade, dificuldades de concentração, comportamento impulsivo e até transtornos como TDAH.

O sono como aliado da saúde mental das crianças

Imagine o cérebro de uma criança como uma sala de aula no fim do dia: cheia de atividades, pensamentos e aprendizados acumulados. O sono é como a equipe de limpeza que entra, organiza tudo e deixa o espaço pronto para o dia seguinte. Quando essa equipe falha ou não tem tempo suficiente para trabalhar, a bagunça emocional só aumenta.

Dificuldade para pegar no sono, acordar várias vezes durante a noite ou ir dormir muito tarde são sinais de que algo na rotina de descanso pode estar atrapalhando esse processo de “manutenção cerebral”. E isso impacta diretamente no desenvolvimento emocional e cognitivo da criança.

Pais também sentem os efeitos do sono ruim

Se os filhos não dormem, os pais também não descansam. E o efeito dominó começa: noites em claro se transformam em dias cheios de cansaço, irritabilidade e dificuldade para lidar com os desafios do cotidiano. A privação de sono, quando constante, pode diminuir a capacidade dos adultos de regular emoções, aumentar o estresse e até provocar sintomas de depressão.

Uma pesquisa revelou que os pais continuam enfrentando noites mal dormidas por até seis anos após o nascimento dos filhos. Ou seja, não é exagero dizer que o sono da família inteira está em jogo — e cuidar disso é uma forma poderosa de promover saúde mental para todos.

É um efeito dominó: quando os filhos não dormem, os pais também não descansam (Foto: iStock)

Como melhorar a rotina de sono da família

A boa notícia é que algumas mudanças simples podem transformar a relação da sua família com o sono. Criar uma rotina estruturada e consistente ajuda o corpo e a mente a entenderem que é hora de desligar.

Confira algumas estratégias que funcionam:

  • Horários fixos para dormir e acordar: Isso ajuda a regular o relógio biológico, tornando o sono mais previsível e eficiente.
  • Rituais relaxantes antes de dormir: Ler um livro, ouvir uma música calma ou tomar um banho morno são ótimas formas de desacelerar.
  • Evitar telas antes de dormir: O ideal é desligar celulares, tablets e TVs pelo menos uma hora antes de ir para a cama, para que o cérebro comece a relaxar.
  • Ambiente adequado para o sono: Um quarto escuro, silencioso e com temperatura agradável faz toda a diferença na qualidade do descanso.

Um passo de cada vez para noites mais tranquilas

Melhorar a qualidade do sono é um investimento no bem-estar emocional da família. Quando as crianças dormem melhor, lidam com os sentimentos de forma mais equilibrada e aprendem com mais facilidade. E quando os pais descansam de verdade, conseguem enfrentar os desafios do dia a dia com mais leveza e presença.

O sono é, sim, um dos pilares da saúde mental — e pequenas mudanças podem ter um grande impacto na vida emocional de todos em casa. Uma noite bem dormida pode ser o primeiro passo para dias mais felizes.