Por Luiza Fernandes | 26 de agosto de 2021

Pesquisas divulgadas pela Unesp de Araraquara conseguiram confirmar que o veneno de uma espécie de cobra brasileira é capaz de inibir a reprodução do coronavírus. A Jararacuçu possui uma molécula específica em seu veneno que pode parar em até 75% a reprodução do vírus.

O estudo foi divulgado na revista internacional Molecules. Os testes feitos em laboratórios puderam concluir que o veneno possui um pedaço de proteína – peptídeo – que conseguiu inibir a reprodução em células de macaco. Essa descoberta é essencial na produção de possíveis medicamentos para tratar pacientes contaminados com a covid-19.

Eduardo Maffud Cliff foi um dos autores de todo o trabalho, e contou um pouco da experiência ao G1. “Nós encontramos um peptídeo que não é tóxico para as células, mas que inibe a replicação do vírus. Com isso, se o composto virar um remédio no futuro, o organismo ganharia tempo para agir e criar os anticorpos necessários, já que o vírus estaria com sua velocidade de infecção comprometida e não avançaria no organismo”, contou.

Agora, os pesquisadores procuram entender a eficácia de diferentes dosagens nas células. O final desses testes levará a uma fase chamada de “pré-clínica”, na qual será estudada a eficácia desses peptídeos em animais infectados com coronavírus.

Cientistas estão estudando as diferentes dosagens do veneno (Foto: Reprodução/ G1)

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) foi responsável pelo financiamento de toda a pesquisa. Além disso, também fizeram parte do estudo os cientistas Paulo Sanches, Natália Bitencourt e Norival Santos Filho. O trabalho contou ainda com a participação de pesquisadores do ICB, IFSC, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).