Por Geovanna Tominaga | 18 de outubro de 2025

Outro dia, um jornalista me perguntou por que, depois de tantos anos na televisão e na comunicação, decidi direcionar a minha carreira para o tema do desenvolvimento infantil. Foi quando entendi que esse caminho não foi uma virada de rota, mas uma evolução natural da mulher e da profissional que me tornei.

Falar sobre desenvolvimento infantil, para mim, é falar sobre o que há de mais essencial no ser humano: a maneira como crescemos, aprendemos, sentimos e nos relacionamos. É sobre olhar para o início da vida com o cuidado e a atenção que ela merece. É sobre compreender como as experiências da infância moldam o adulto que seremos — e como cada palavra, cada gesto, cada interação tem um impacto real na formação emocional e cognitiva de uma criança.

Quando me tornei mãe, esse tema deixou de ser apenas uma curiosidade e se transformou em propósito. A maternidade, para mim, foi um ponto de virada. Passei a observar o mundo com outro olhar, o olhar da mãe que deseja entender o que se passa na mente e no coração do seu filho. E, aos poucos, percebi que esse desejo de compreender não era só meu. Era de muitas mulheres, pais e cuidadores que também buscavam respostas, acolhimento e informação.

Foi assim que nasceu o Conversas Maternas. Primeiro como um projeto de conteúdo nas redes sociais, um espaço de escuta e partilha sobre os desafios e as belezas da parentalidade. Depois, ele cresceu, ganhou novas formas e, recentemente, virou podcast — um formato que me permite unir aquilo que sempre fez parte de mim, a comunicação, com aquilo que hoje me move profundamente, a educação e o desenvolvimento humano.

Através do Conversas Maternas, percebi que falar sobre desenvolvimento infantil é falar sobre vínculo. Sobre a importância da presença, da escuta e do afeto nas relações com as crianças. E, ao mesmo tempo, é falar sobre nós, adultos — sobre as nossas próprias infâncias, sobre os modelos que reproduzimos sem perceber, sobre como podemos aprender e ensinar de maneiras mais conscientes. É um tema que atravessa gerações e que nunca se esgota, porque cada criança é um universo novo.

A comunicação sempre foi meu instrumento de trabalho e, hoje, é também o meu canal de transformação. Unir profissão e propósito é um privilégio que valorizo todos os dias. Uso as palavras, as entrevistas e as histórias para inspirar reflexões, provocar mudanças e oferecer caminhos possíveis para famílias que, assim como a minha, estão aprendendo a educar com amor e respeito.

(Foto: Freepik) A comunicação como ponte entre propósito e transformação: inspirar famílias a educar com amor e respeito

Essa mesma vontade de comunicar e inspirar também me levou para outro território que me encanta profundamente: a literatura infantil. Escrever para crianças tem sido uma das experiências mais gratificantes da minha vida. Nos meus livros, busco traduzir em histórias o que aprendo todos os dias como mãe e estudiosa da infância — a importância de nomear sentimentos, de valorizar as diferenças, de cuidar da imaginação e da curiosidade. Porque acredito que os livros são pontes entre gerações: aproximam adultos e crianças e criam memórias afetivas que duram para sempre.

Falar sobre desenvolvimento infantil é, no fundo, falar sobre esperança. É acreditar que cada criança que cresce cercada de amor, respeito e estímulo tem mais chances de se tornar um adulto empático, curioso e seguro. É entender que investir tempo, atenção e afeto na infância é plantar as sementes de um futuro mais humano.

Quando escolhi esse caminho, eu não deixei para trás a comunicadora que sempre fui. Pelo contrário — encontrei um jeito novo de comunicar, mais alinhado ao que acredito e ao que quero deixar como legado. Porque o desenvolvimento infantil não é apenas um tema de pesquisa ou de trabalho; é uma lente pela qual eu enxergo o mundo, e é a partir dela que tento contribuir, com as ferramentas que tenho, para que ele se torne um lugar melhor.

Por isso, quando alguém me pergunta “por que falar sobre desenvolvimento infantil?”, a minha resposta é simples: porque é ali que tudo começa. É na infância que nascem as bases da empatia, da curiosidade, da autoconfiança e da capacidade de amar. E se eu puder usar a minha voz, o meu olhar e as minhas histórias para valorizar essa fase da vida, então sei que estou no caminho certo.