Por Beatriz Possebon | 26 de fevereiro de 2025

Passar pelo parto é uma experiência transformadora, mas também pode trazer desafios inesperados. Entre eles, a incontinência urinária pós-parto é uma condição comum, mas muitas vezes negligenciada. Um estudo da Aeroflow Urology revelou que 85% das mães de primeira viagem que dão à luz relatam escapes frequentes de urina, mas apenas 15% receberam algum tipo de suporte ou tratamento.

Esse problema pode impactar o bem-estar físico e emocional, tornando essencial a discussão sobre causas, consequências e soluções para quem enfrenta essa condição.

Por que a incontinência pós-parto acontece?

Durante a gravidez e o parto, a região pélvica sofre grande pressão, afetando os músculos e nervos do assoalho pélvico. Isso pode levar a dificuldades no controle da bexiga, resultando em escapes involuntários de urina, especialmente ao tossir, espirrar ou fazer esforço físico.

Apesar de ser uma condição comum, muitas pessoas acreditam que é algo “normal” e que vai desaparecer com o tempo. No entanto, sem o tratamento adequado, os sintomas podem persistir por anos.

Se não procurar o tratamento adequado, os escapes podem persistir por anos (Foto: Shutterstock)

O impacto da incontinência pós-parto na vida diária

A incontinência urinária pode afetar diversos aspectos do dia a dia, desde a saúde mental até a vida social e conjugal.

Saúde mental

O estudo apontou que 71% das pessoas com incontinência pós-parto relatam ansiedade, estresse e insegurança. Além disso, 27% se sentem constrangidas, 23,6% enfrentam altos níveis de estresse e 13% desenvolvem depressão. O medo constante de vazar urina em público pode impactar a autoestima e aumentar os desafios emocionais do pós-parto.

Vida social e atividades diárias

Dois terços das pessoas afetadas pela incontinência pós-parto evitam encontros sociais e reduzem sua participação em atividades que antes faziam parte da rotina. O receio de não encontrar um banheiro rapidamente ou de sofrer escapes incontroláveis pode gerar isolamento social.

Até mesmo a prática de exercícios é impactada. Estudos mostram que quase metade das mulheres deixam de praticar esportes como vôlei e tênis devido aos sintomas da incontinência urinária pós-parto.

Qualidade do sono e vida sexual

A necessidade frequente de urinar durante a noite pode comprometer a qualidade do sono, aumentando o cansaço diário. Além disso, a condição também pode afetar a vida sexual, reduzindo o prazer e, em alguns casos, levando à evitação do contato íntimo devido ao desconforto e insegurança.

Tipos de incontinência urinária pós-parto

Existem dois tipos principais de incontinência urinária pós-parto:

  • Incontinência urinária de esforço: acontece quando atividades como tossir, espirrar, rir ou fazer exercícios causam escapes de urina devido à pressão no abdômen.
  • Incontinência urinária de urgência: é caracterizada pela necessidade repentina e incontrolável de urinar, e resulta em escapes antes de chegar ao banheiro.

Como tratar a incontinência urinária pós-parto

A boa notícia é que a incontinência urinária pós-parto tem tratamento, e buscar ajuda profissional pode melhorar significativamente a qualidade de vida.

Terapia do assoalho pélvico

A fisioterapia pélvica é um dos tratamentos mais recomendados para fortalecer ou relaxar os músculos do assoalho pélvico, dependendo da necessidade.

  • Para músculos enfraquecidos: exercícios como os kegels ajudam a fortalecer a musculatura e melhorar o controle da bexiga.
  • Para músculos tensionados: práticas como ioga, alongamentos e técnicas de respiração ajudam a relaxar a região e reduzir os sintomas.

Mudanças no estilo de vida

Fatores como postura, padrão respiratório e hábitos urinários também influenciam na incontinência. Pequenos ajustes podem fazer diferença, como evitar urinar “por precaução”, manter uma hidratação adequada e praticar exercícios que fortaleçam o core.

A fisioterapia pélvica é um dos tratamentos indicados para a incontinência urinária (Foto: Freepik)

A importância de buscar tratamento

Ignorar a incontinência urinária pós-parto pode levar a complicações a longo prazo. Um estudo mostrou que 91% das pessoas que apresentavam sintomas de incontinência 12 semanas após o parto ainda sofriam com escapes 12 anos depois, se não buscaram tratamento.

A incontinência não precisa ser um fardo permanente. Com acompanhamento adequado, é possível recuperar o controle da bexiga, melhorar a autoestima e retomar uma vida ativa e confiante.