Por Beatriz Possebon | 7 de março de 2025

Você já ouviu falar do Março Lilás? Esse mês é dedicado à conscientização sobre o câncer de colo do útero, um dos mais comuns entre as mulheres no Brasil. A boa notícia? Ele pode ser prevenido. E a prevenção começa com a vacina contra o HPV e exames periódicos. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), entre 2023 e 2025, cerca de 17 mil mulheres devem receber esse diagnóstico. Mas com informação e atitudes preventivas, podemos mudar essa realidade.

Entendendo o câncer de colo do útero

O câncer de colo do útero começa com pequenas alterações nas células da região, chamadas de lesões precursoras. O problema é que, sem tratamento, elas podem evoluir para um tumor. “O tumor se desenvolve a partir dessas alterações e, sem tratamento, elas podem evoluir para câncer”, explica o Dr. Alexandre Rossi, ginecologista e obstetra, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP. O grande vilão dessa história é o HPV (papilomavírus humano), um vírus transmitido pelo contato sexual. E o pior: ele geralmente não dá sinais nos estágios iniciais.

Quando a doença avança, podem aparecer sintomas como sangramento vaginal fora do período menstrual, corrimento com cheiro forte e dor na região pélvica. Mas a ideia aqui é não esperar os sinais. O ideal é agir antes e se prevenir.

Informação e prevenção andam juntas. Ambas estão ao nosso alcance para lutar contra o câncer de colo do útero (Foto: Freepik)

Por que o diagnóstico precoce faz toda a diferença

Quanto mais cedo o câncer for detectado, maiores são as chances de um tratamento eficaz e menos invasivo. “A prevenção do câncer de colo do útero se baseia em três pilares principais: vacinação contra o HPV, exames preventivos e adoção de hábitos saudáveis”, destaca Dr. Alexandre Rossi.

O Papanicolau é um exame simples e fundamental, já que ele detecta alterações nas células antes que elas evoluam para câncer. O teste de HPV também pode ser solicitado para identificar a presença do vírus. Mas, infelizmente, muitas mulheres ainda não fazem esses exames regularmente. “Muitas pacientes realizam o exame uma vez e deixam de repetir a testagem regularmente. Como as lesões podem levar anos para evoluir, o rastreamento periódico é essencial para detectar alterações a tempo”, alerta o Dr. Marcelo Vieira, cirurgião oncológico.

Tratamentos que preservam a fertilidade

Se a doença for identificada logo no início, o tratamento pode ser menos agressivo e, em muitos casos, a fertilidade da mulher pode ser preservada. Opções como a conização e a traquelectomia radical são alternativas viáveis para evitar cirurgias mais invasivas, como a retirada total do útero. “Esses métodos são alternativas viáveis para mulheres em estágios iniciais da doença, evitando a remoção total do útero e permitindo a manutenção da fertilidade”, explica Dr. Marcelo Vieira.

Além disso, avanços médicos, como o dispositivo Duda, ajudam mulheres que passaram por cirurgias a manter a possibilidade de uma futura gravidez. Essa é mais uma prova de que, com informação e diagnóstico precoce, há caminhos menos agressivos para enfrentar a doença.

Como se proteger e evitar o câncer de colo do útero

A prevenção começa cedo, com a vacinação contra o HPV, que protege contra os tipos mais perigosos do vírus. No Brasil, o SUS oferece essa vacina gratuitamente para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de mulheres até 45 anos em condições específicas. E se você passou dessa faixa etária? Vale conversar com um médico para avaliar a possibilidade de se vacinar.

Fazer os exames e manter as consultas regulares são partes fundamentais do cuidado (Foto: Freepik)

 

Outra forma de proteção é o uso do preservativo nas relações sexuais, pois ele reduz o risco de transmissão do HPV. Além disso, hábitos saudáveis fazem toda a diferença: uma alimentação equilibrada, rica em frutas e verduras, fortalece o sistema imunológico e ajuda na prevenção de diversas doenças.

Evitar o cigarro também é essencial, já que o tabagismo está diretamente ligado ao aumento do risco de câncer de colo do útero. E, claro, manter consultas regulares com o ginecologista e realizar exames preventivos são atitudes fundamentais para garantir a saúde.

Informação salva vidas

O Março Lilás nos lembra que informação e prevenção andam juntas. Quanto mais falamos sobre o câncer de colo do útero, mais mulheres se conscientizam e tomam medidas para se proteger. Converse com seu médico, incentive amigas e familiares a realizarem os exames e compartilhe esse conhecimento. A prevenção está ao nosso alcance!